‘Ouve Despacito, mas não conhece outras coisas’, critica Carlinhos Brown

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Carlinhos Brown (Foto: Mauro Zaniboni/Ag. Haack)

‘Temos que ser mais abertos e ser menos egocêntricos’, diz músico em entrevista à agência EFE em Madri.

Após se apresentar no último fim de semana na World Pride Madri, Carlinhos Brown disse nesta segunda-feira que vê a Ibero-américa como “uma oportunidade para o Brasil” no âmbito cultural, e defendeu que é “importante que as línguas espanhola e portuguesa encontrem um caminho comum”.

Em uma entrevista à Agência Efe por ocasião da sua participação na apresentação do livro “Somos Ibero-américa: 25 anos de Cúpulas Ibero-americanas”, que acontecerá amanhã, Carlinhos reforçou o papel da música como componente que muda vidas, lembrando o que aconteceu no bairro onde nasceu, o Candeal, com um projeto social criado por ele.

Apesar de afirmar que não é uma “pessoa crítica” com o próprio país, mas sim um “apaixonado”, ele reconheceu que o Brasil “cria um isolamento em relação ao resto da América Latina” por não “se esforçar” para aprender o idioma espanhol.

“É um país que agora está escutando ‘Despacito’ porque o reggaeton é um sucesso no mundo todo, mas não sabe quem são, por exemplo, os cubanos Chano Pozo e Celia Cruz. Conhece pouco dos ‘hermanos’ da Argentina; do candombe do Uruguai, das marimbas da Colômbia ou da cultura andina”, comentou.

Para ele, a Ibero-américa é uma oportunidade para o Brasil se “reeducar”, perceber a proximidade com os vizinhos e “evoluir em conjunto”.

“Temos que ser mais abertos e ser menos egocêntricos”, disse ele, destacando que a sociedade brasileira tem que valorizar mais o passado de sua população com culturas como a africana ou a árabe.

Sempre em busca da mistura entre diferentes ritmos e sons, a apresentação de Carlinhos fechou ontem a World Pride Madrid, evento que durante cinco dias agitou a agenda cultural da capital espanhola.

“Foi maravilhoso ver milhares de pessoas, de todos os tipos, se divertindo lado a lado, como tem que ser”, disse.

Ciente da polaridade e da violência que tem sido vista em muitas partes do mundo, ele lembrou que o Brasil também foi fundado e formado por imigrantes que “buscavam melhorar sua qualidade de vida” e gostaria que agora “as fronteiras não se fechassem” para os que estão na mesma situação.

“Agora, não é o momento de fechar o Brasil por medo dos terroristas. Quem sabe não aprendemos com essas pessoas outra forma de amor e isso que chamamos de terrorismo acaba? Não temos que nos fechar”, opinou.

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