Completar duas décadas num ambiente hostil ao ideal empreendedor como o existente no Brasil é difícil. Como este trabalho é em comemoração aos dois decênios de existência da Broker Turismo, é focado apenas nos sucessos. Eles são a razão da empresa ter chegado a este momento. E serão também os motivadores de sua perpetuação pelo futuro. Parabéns!
Duas décadas de operação, num País em que 98% das empresas não completam um ano
O Brasil é um País em que 98% das firmas criadas não chegam a completar um ano de fundação. E esta estatística se verifica mesmo quando os empreendedores são experientes, tanto em gestão quanto na atividade a ser desenvolvida. Então, o que pensar de uma firma criada por duas moças, ainda estudantes, uma com 18 anos e a outra com 19? Ainda mais para atuar num segmento de alta competitividade, como o turismo receptivo, em plena Serra Gaúcha. Alguém, em sã consciência, apostaria um vintém furado no sucesso desta iniciativa? Talvez um louco enfurecido, não é mesmo?
Pois bem! A Brocker Turismo tornou-se exceção a esta regra. Não só ultrapassou seus primeiros 365 dias de operação como continuou indo em frente. Agora, em 2015, completa seus primeiros 20 anos de existência. É claro que ela surgiu após o fim do período de hiperinflação, dentro do Plano Real. Mas, mesmo assim, não foram tempos fáceis. Neste longo período, crises internas e externas se sucederam: desvalorização cambial, recessão econômica, grandes nações da Ásia com problemas financeiros, ataques terroristas dentro dos Estados Unidos, falências e mais falências na Europa…
Tudo começou com passeios ecológicos e programas de aventura no Vale da Lageana
E não é que a firma fundada pelas primas Iara Brocker Urbani e Adriane Brocker superou tudo isto, avançou, cresceu, ampliou seus horizontes e adentra sua fase adulta com um portfólio de produtos e serviços de fazer inveja a grandes grupos nacionais e até internacionais. A primeira, e mais jovem, na época, era aluna do Curso de Turismo da Universidade de Caxias do Sul. A segunda, fazia um treinamento de guia de turismo ecológico. Coisas simples, como Faturamento, Contas a Receber, Contas a Pagar, Folha de Pagamento, Obrigações Sociais etc. — totalmente desconhecidas a ambas.
Tudo se resumia a um sonho que começou a ser materializado logo após o retorno dos pais de Iara de viagem ao exterior. Vanda Brocker Urbani e Hermes Urbani, além de relatar a linda experiência vivida e a beleza dos destinos visitados, enfatizavam a facilidade do processo, a partir da compra de um pacote. Iara e Adriane intuíram poder oferecer aos turistas visitando a região onde viviam este mesmo tipo de conforto. Tinham, inclusive, o local para começar: o Vale da Lageana, esculpido durante os séculos pelo Arroio Caracol — evento que deu origem, também, à Cascata do Caracol.
Apoiadas pelos citados Vanda e Hermes — e Vera Maria Brocker Boeira e Luiz Renato Voges Boeira, pais de Adriane —, a duas iniciaram o mapeamento do desfiladeiro, em sua maior parte terras de propriedade das duas famílias. “Nossa avó, Ivone Nunes Brocker, era a pessoa que mais conhecia aquela área. Foi ela que plantou aquela enorme quantidade de araucárias lá existente. E nos ajudou a descobrir as riquezas ali escondidas” — revela Adriane. Assim, otimismo lá no alto, em setembro de 1995, nascia a Brocker Turismo, sediada naquela belíssima cidade de Canela.
Ecoturismo ganha força e termos como rafting e rapel entram no vocabulário dos jovens
Logo, aquele espaço de mata nativa, ornado por cachoeiras e recortado por trilhas, tornou-se perfeito para aventureiros. Era o momento em que o ecoturismo começava a ganhar fôlego mundo afora e em nossas terras. Nomes como rafting (a descida de barco em corredeiras de rios), rapel (um alpinismo mais leve) e trekking (seguimento de percursos) entraram no vocabulário e, ao lado das caminhadas, tornaram-se os chamarizes para adolescentes, adultos e até mesmo para aqueles da Melhor Idade — sendo que, naquela época, estes eram chamados apenas de “velhos”, mesmo.
Mutirão Ecológico marca o início do envolvimento com ações em prol da comunidade
Como Iara e Adriane notaram que o acúmulo de lixo ameaçava a beleza do local, montaram um mutirão para limpar a base da Cascata do Caracol. A atividade contou com o apoio da juventude local e ganhou visibilidade nacional, tornando o trabalho que faziam conhecido no Brasil todo. Daí em diante, além de ficar mais fácil vender os programas de aventura, a Brocker Turismo adotou o hábito de realizar ações em favor da comunidade. Pelo menos uma vez a cada ano, uma iniciativa é levada a efeito, sempre associada a alguma entidade de assistência social com atuação na região.
Crescimento dos negócios e das operações exige mudança para uma nova sede
Não demorou muito para o crescimento dos negócios exigir a ampliação dos escritórios. Assim, a casa charmosa, mas alugada, que abrigou os funcionários naqueles primeiros momentos, teve de ser abandonada. Foi trocada por uma sala própria, num prédio próximo à Catedral de Pedra, localizada no Centro de Canela. Isto ocorreu em meados de 1998. Em questão de 24 meses, a Brocker Turismo tinha ampliado seu portfólio de serviços. E aquele receptivo inicial durou pouco, dando lugar ao emissivo, com uma abrangência de fazer inveja para gente forte, com muito mais tempo de estrada.
Após estágio na Disney, Adriane decide retornar a empresa às suas origens
Havia dois focos principais: estudantes e grupos especiais — como, por exemplo, Mulheres para o Nordeste Brasileiro. “Levávamos gente para aqui perto, como Beto Carrero, Florianópolis, Missões, e para outros pontos do Brasil, como Porto Seguro. E já nos arriscávamos para o exterior, indo até à cidade de Bariloche, no litoral do Uruguai. Todo mundo fazia de tudo: venda, encontro com os pais, reuniões com grupos, preparação dos lanches a serem consumidos durante a viagem. Éramos guias, mantínhamos os ônibus limpos e arrumados” — recorda Adriane, com um orgulho em justificado.
Esta realidade de comércio de passagens, pacotes e demais serviços de agência perdurou até 2000. Ela consolidou uma enorme clientela, distribuída por toda a região das Serras Gaúchas. O volume de trabalho crescia impiedosamente, mas não impediu Adriane de buscar graduação superior no setor. Concluído o Curso de Turismo na Universidade de Caxias do Sul, conseguiu um estágio na Disney, em Orlando, no Estado da Flórida, nos Estados Unidos. Deixando tudo aos cuidados da sua equipe, o curto período passado fora foi decisivo para as transformações futuras impostas à Brocker.
— Vendo aqueles milhares de turistas chegando todos os dias num lugar construído pelo homem, sem nada de natureza, e conhecendo de perto a filosofia de bem receber e encantar o cliente, voltei para casa decidida a retomar nossas origens. E apostar no turismo receptivo, pois eu conhecia todo o potencial maravilhoso da nossa região ؙ— relembra Adriane. Mostrar as belezas de Canela, do seu vizinho Município de Gramado e das demais localidades da Serra Gaúcha foi um recomeço para a empresa. Um período difícil, vencido, mais uma vez, com criatividade, paciência e persistência.
Para vender a empresa em todo o País, começa o processo de presença em eventos
Afinal, se a Brocker Turismo era bem conhecida por lá, no resto do País isto não se repetia. Durante dois anos, a rotina foi quebrada por novos desafios. Iara e Adriane, juntando-se a parceiros locais, de início, criaram roteiros, terceirizaram serviços, ajustaram custos e equacionaram os tarifários de modo competitivo. Só aí partiram para buscar as grandes operadoras nacionais e até internacionais, atrás dos novos clientes. Contato aqui, visita ali, convite para viajar ao Rio Grande do Sul e ver de perto os produtos oferecidos, surge a primeira grande parceria, existente até hoje: TAM Viagens.
Iara deixa a sociedade, filial em Gramado e “Embaixada da Serra Gaúcha” em Porto Alegre
Tudo parecia estar entrando nos eixos quando a sócia Iara decidiu se afastar da empresa. Convidada pelo então prefeito de Canela, aceitou o desafio de comandar a Secretaria de Turismo do Município. Ficou por lá dois anos e, mesmo sem qualquer experiência no setor público, realizou um trabalho marcado por muito profissionalismo. No retorno, as duas decidiram dividir suas responsabilidades. Adriane passou a cuidar apenas do receptivo. E Iara, do emissivo. Mal havia passado seis meses desta nova configuração, esta última toma a decisão de se afastar do dia a dia da empresa outra vez.
Como iria para a Europa, primeiro, para fazer um curso de especialização em turismo na Espanha, e ficar no Velho Mundo por, pelo menos, mais dois anos, as duas decidiram pôr fim à sociedade. Era o início de 2003 quando Adriane passou a tocar sozinha muito mais que um negócio, mas a paixão de sua vida. Sem obrigação de dividir decisões, impôs à empresa a obstinação, marca fundamental de sua personalidade. Quem disse que um dia tem apenas 24 horas? Para ela, parecia ter bem mais. Novos desafios precisavam ser vencidos a todos momento — aliás, uma constante, este tempo todo.
— Os negócios cresciam e a estrutura precisava acompanhar. Criei departamentos especializados, deleguei parte das minhas funções, ampliei a equipe buscando gente capaz, aprimorei os métodos de gerência, investi em equipamentos, comecei a informatização, reforcei nossa frota de veículos… Fiz tudo isto sem descuidar de pontos cruciais: criar novos produtos, oferecer serviços diferenciados e manter nosso atendimento no nível mais alto possível. Mas, enfatizo: não é mérito só meu. Tive o apoio do meu pessoal. Sem eles, o fracasso seria inevitável — revela a empreendedora Adriane.
Como a maioria dos clientes do receptivo se hospeda na rede hoteleira da vizinha Gramado, apesar da proximidade com sua Canela natal, sentiu-se necessidade de montar uma filial naquela cidade. “Mais próximos dos nossos passageiros, garantimos mais agilidade, mais qualidade. Há também os moradores de lá. Além disso, naquela época, passamos a oferecer locação de veículos” — explica Adriane. O escritório foi aberto em 2007, e opera de forma independente da empresa-mãe. Ele tem como sócias Adriane, sua irmã, Luíza Brocker Boeira, e Carlise Bianchi, uma funcionária da matriz.
Sempre inovando no setor, corria o ano de 2009 quando a Brocker Turismo contabilizou mais uma operação de sucesso: o envio de um grupo de 70 clientes para a travessia do Brasil para a Europa a bordo de um navio. Isto veio se juntar a outro passo decisivo na consolidação da empresa como referência de bom atendimento no Sul brasileiro: um ponto de apoio próprio dentro do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Primeiro, uma loja; depois, equipes de pessoas: criou-se o que acabou batizado como a “embaixada da Serra Gaúcha” na capital do Estado, a cidade de Porto Alegre.
— Nosso cliente, chegando ou voltando, sabe onde buscar apoio. E a equipe acompanha todos os voos, mesmo sem passageiros nossos previstos. Há muitos viajando por conta própria e contratam nossos serviços logo depois do desembarque. Estamos sempre implantando novos diferenciais. Atuamos 24 horas por dia, damos boas-vindas a todos em datas comemorativas, como Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal, Ano Novo. Também nestes momentos, por vezes, presenteamos os que nos procuram como mimos especiais, alusivos à comemoração — explica a diretora Adriane.
Projeto para nova sede seguiu o padrão clássico das casas da cidade de Canela
Com a empresa caminhando para 15 anos de operação, e os negócios em crescimento constante, viu-se a necessidade de se ampliar as instalações. E se fez isto propondo novo objetivo arrojado: planejar e construir um espaço adequado, capaz de acompanhar e suportar o contínuo avanço previsto. Comprado um terreno no Centro de Canela, a tarefa de tornar isto realidade foi entregue às arquitetas Patrícia dos Reis Schmils e Renata Brocker Boeira Hanel. O resultado se materializou em abril de 2009, com a entrega do prédio batizado como o nome do avô de Adriane: Abílio Brocker.
A edificação foi projetada e erguida segundo os padrões das construções tradicionais da cidade. A fachada se destaca pelo equilíbrio das linhas e grandes espaços envidraçados, aproveitando ao máximo a luminosidade natural. No interior, a divisão dos ambientes, padrões de cores, mobiliário adequado e comunicação visual formam um conjunto equilibrado, contribuindo para o conforto dos funcionários e dos clientes. E uma parede do hall de acesso ao Departamento de Receptivo exibe uma frase-resumo do espírito ali reinante: “A curiosidade é o espírito, o sopro e a alma do viajante.”
Naquele mesmo local, também há um espaço para manifestações espontâneas dos colaboradores. Opondo-se às prateleiras atulhadas pelos troféus, placas e prêmios que vêm sendo conquistados pela empresa, um mural reúne cartões, dicas, folhas de revistas, fotos, lembretes, máximas, recortes de jornais e tudo o mais que cada um decidir ser importante dividir com os colegas. Este cantinho vem sobrevivendo e se mantendo, mesmo competindo com a onipresença das redes sociais. Hoje, é bem mais comum este tipo de ação ser desenvolvida em modo digital, e não naquela modalidade física.
Um sucesso que não pode deixar de ser creditado à grande equipe de colaboradores
Sempre antenada às melhores práticas de gestão sucedendo-se de tempos em tempos, a Brocker Turismo também fez seu Planejamento Estratégico. E das oficinas das quais participaram todos os membros das suas equipes, surgiram balizadores de comprometimento com a qualidade resumidos em dois vetores principais. Como a Visão de longo prazo, “ser reconhecida como a melhor agência de viagens e receptivo do Sul do País.” E, como a Missão do dia a dia, “servir seus clientes com alegria, primor e competência.” Quem “vai com a Brocker” comprova uma e outra a todo instante.
Adriane é a primeira a reconhecer: o sucesso da empresa é fruto do esforço dos diversos parceiros espalhados por todo o território nacional. E era decisivo, então, trazer a público toda esta dedicação. Assim, em 2006, nasceu o Troféu Infinito, para premiar aqueles maiores vendedores não apenas dos pacotes da Brocker Turismo, mas sim dos destinos oferecidos pela Serra Gaúcha. E, mais uma vez, de dentro da família veio o talento para materializar esta láurea. Seu tio, Hermes Urbani, moldou uma belíssima peça, em ferro, remetendo ao símbolo matemático do infinito, que é um 8 deitado.
Para concluir, atualizamos um pequeno discurso que Adriane Brocker fez em 2005, quando sua Brocker Turismo completava 10 anos. São palavras que serviram para aquele momento, valem para agora e estarão sempre atuais nos próximos aniversários: “Completamos 20 anos com o mesmo espírito de servir lá do início, quando éramos apenas eu e Iara, e atendíamos pessoalmente cada um dos nossos clientes. E nosso futuro será traçado pelo fundamento de buscar sempre o melhor, para nosso passageiro, nossa equipe e nossa comunidade. Não tem segredo: é aprimoramento contínuo.”