O cenário é surreal. Uma montanha branca de aparência flocada de gelo engana os turistas em Pamukkale, na Turquia. O calcário travestido de neve encanta: é a natureza criando belos espetáculos para os sentidos.
Dessa montanha branca escorre suavemente um fio de água quente formando várias piscinas em degraus. Água de um azul vivo e com propriedades curativas.
Pamukkale, que em turco significa Castelo de Algodão, é Patrimônio Mundial pela Unesco e fica 650 km ao sul de Istambul. Pertence ao município de Denizli, há 20 km dali e de onde saem os ônibus com os turistas.
Na entrada do parque há um aviso e um banco de madeira: a partir dali é preciso tirar os sapatos para pisar no travertino e subir a montanha. Há uma outra entrada, por cima, mas a dica é chegar cedo e entrar por baixo, evitando as aglomerações de turistas e descobrindo aos poucos a beleza do lugar.
A natureza é tão caprichosa que a água corre e seus pés ficam firmes no suave antiderrapante da rocha, cheia de pequenas ranhuras que massageiam. E assim você vai subindo e se encantando com as piscinas que logo começam a aparecer. A visão do topo, contemplando o visual por inteiro, é incrível.
A água de Pamukkale sai da fonte a 36ºC e é fortemente mineralizada – tem alta concentração de hidrocarboneto de cálcio, que participa de algumas reações e se deposita como carbonato de cálcio, dando às piscinas o revestimento branco intenso do travertino. Nas piscinas mais fundas os turistas podem se banhar e aproveitar não só a imersão inusitada como se beneficar das propriedades curativas da água termal.
Em cima da montanha, um outro banco: pode já colocar seus sapatos de volta. Mas as surpresas não acabaram.
Hierápolis
No topo, uma surpresa. As ruínas de uma cidade greco-romana do século 2, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. É Hierápolis, cidade fundada pelo rei Eumenes II de Pérgamo e procurada desde os tempos mais remotos por gente de todo o canto do mundo. Isso porque as propriedades curativas dessa água rica em cálcio já eram exploradas pelo império romano, que montou lá um verdadeiro centro de saúde.
Atrás dos banhos e piscinas do spa termal da antiguidade vieram ilustres como Cleópatra, Júlio César e outros imperadores. A água quente e mineralizada se diz efetiva para reumatismo, doença de olhos, pele, sistema circulatório, respiratório, nervos e músculos, rim e sistema urinário.
Havia mais de 15 banhos e piscinas, com algumas partes reservadas para o imperador e uso cerimonial. Uma outra sala anexa era usada por atletas, o ginásio.
Ainda é possível utilizar o antigo balneário, que fica ao lado do museu que guarda parte da história de Pamukkale. Há 5 km dali há outro centro também, Karahayit, que promete auxílio para doenças neurológicas, hipertensão e reumatismo.
Hierápolis foi destruida por um terremoto no ano 60 durante o reinado do imperador Nero. Reconstruida, perdeu as características do período grego – transformando-se em uma típica vila romana.
Em uma volta pela cidade é possível entender melhor como se vivia no início da era cristã. A hidroterapia era acompanhada por práticas religiosas e Hierápolis era um bispado. Há vários templos e um dos monumentos mais importantes é o martírio do apóstolo São Felipe, crucificado na época de Domiciano, por volta do ano 87.
É possível também ver o que restou do Templo de Apolo, deus da cidade. Portões grandiosos, fontes, ágora, latrina pública, necrópolis e local de processamento de azeitonas estão no caminho dos turistas.
Outra construção impactante é o teatro, que está sendo restaurado por uma equipe italiana. Lá, apresentações e o lazer tradicional dos habitantes, com capacidade para um público de 20 mil pessoas e lugares privilegiados para a elite.
COMO CHEGAR
A Turkish Airlines é a única companhia com voos diretos do Brasil para a Turquia. São quatro voos semanais de São Paulo a Istambul com duração de pouco mais de 13 horas, e brasileiros não precisam de visto. O voo de Istambul à Denizli dura 1h10 e dali são mais 20km até Pamukkale.