Franceses, chineses, australianos, americanos, argentinos, brasileiros. Os habitantes da enigmática Machu Picchu são mesmo os turistas vindos de todas as partes do planeta. Sua peculiar beleza natural e arquitetônica, somada ao manto de mistério que se criou em torno da sua origem, transformou a cidade sagrada dos incas em um dos destinos turísticos mais populares do mundo.
A construção erguida no século 15 pela antiga civilização incaica atrai quase um milhão de visitantes por ano ao Peru, tornando-se o roteiro ideal para diferentes gostos e bolsos. É o principal objetivo dos mochileiros que querem explorar as mais belas paisagens da América do Sul. Todo aventureiro que se preze tem uma foto sua com as ruínas ao fundo. O empresário megamilionário Bill Gates também tem. Ele faz parte de uma lista de afortunados que podem pagar a valiosa diária do único hotel com vista para o complexo arqueológico, o Machu Picchu Sanctuary Lodge.
Todos parecem ter a mesma opinião sobre o Santuário Histórico de Machu Picchu, como é oficialmente chamado: o lugar emite vibrações positivas que fazem do passeio um momento mágico, sem igual. Nos últimos anos, grupos esotéricos e religiosos vêm escolhendo o santuário como ponto de encontro para a realização de suas práticas místicas.
Boa parte dessa sensação está relacionada ao fato de o visitante saber que está penetrando em um lugar cuja história escrita não existe e onde muito pouco se conhece sobre sua criação. Por que os incas construíram, ocuparam e logo abandonaram a vila de pedra de quase um quilômetro de extensão são segredos ainda sem respostas.
A cidade perdida dos incas, como é apelidada, permaneceu oculta durante cinco séculos, até ser descoberta de forma casual, em 1911, pelo explorador norte-americano Hiram Bingham. No início, estudiosos pensavam que se tratava de uma fortaleza, mas com o avanço das escavações descobriram que a maioria dos esqueletos eram de mulheres, surgindo a hipótese de o lugar ter sido um monastério para as “virgens do Sol”, personagens fundamentais da vida religiosa dos incas.
Depois os pesquisadores sustentaram que o local foi feito para a observação dos astros. O monumento de pedra Intihuatana, que significa “lugar onde se amarra o Sol”, era usado como um relógio solar para marcar as estações do ano. Estudos mais recentes defendem que a cidadela foi, como as pirâmides dos faraós do Egito, um ostentoso mausoléu construído para Pachakuteq, fundador e primeiro imperador do extinto Império Inca.
Em meio a tantas especulações, uma certeza: a cidade, construída a 2.350 metros de altitude dos Andes peruanos, era um lugar sagrado, onde somente o inca, a nobreza, os sacerdotes e as mulheres escolhidas podiam entrar.
No caminho dos incas
Hoje, percorrer a famosa trilha que liga Cusco, a capital incaica, até Machu Picchu significa refazer a rota desses antigos habitantes andinos. O percurso, que faz parte da rede de caminhos que uniam os principais centros administrativos e religiosos do império, é um espetáculo à parte.
O trajeto mais popular dura quatro dias e dá ao caminhante a oportunidade de admirar uma paisagem natural que alterna o andino e o amazônico, além de encontrar restos arqueológicos jamais estudados. A trilha, que guarda segredos inimagináveis, é uma velha conhecida dos viajantes e figura entre os melhores destinos para a prática de trekking no mundo.
A opção para quem não quer fazer muito esforço físico ou está com pouco tempo ou prefere serviços que abusam do conforto é chegar até as famosas ruínas pelos trilhos de ferro. Todos os dias, pela manhã, saem de Cusco diferentes tipos de trem a caminho de Águas Calientes, vilarejo que serve de apoio logístico ao santuário. São quase quatro horas de viagem, que podem ser feitas no luxuoso “Hiram Birgham” ou no descontraído “backpacker”.
Em qualquer uma das escolhas, o viajante será facilmente conduzido a refletir sobre a impressionante sabedoria inca, que há muitos séculos conseguiu alcançar a harmonia entre o conhecimento científico e espiritual, entre o homem e a natureza.
Saiba mais
– Machu Picchu, que em quechua significa “velha montanha”, foi reconhecida pela Unesco, em 1981, como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade. Em 2007, foi eleita uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo pela New Open World Corporation (NOWC).
– O território do Santuário Histórico e seu entorno abarcam diferentes pisos ecológicos que correspondem às regiões andina e amazônica. A área de fronteira entre esses dois importantes ecossistemas é chamada de Ceja de Selva e apresenta uma das maiores biodiversidades do mundo. Com mais de 32 mil hectares, Machu Picchu tem 10% das espécies de flora e 20% das de fauna que existem em todo o Peru.
– “Soroche” é a expressão usada para denominar o mal-estar provocado pelas grandes altitudes. Para evitá-lo é recomendável andar bem devagar e beber muita água e chá de coca, tradicional bebida inca. Há aqueles que preferem mastigar as folhas da planta colocadas no canto da boca do lado interior da bochecha.
– O Santuário Histórico de Machu Picchu pertence ao departamento de Cusco, província de Urubamba, distrito de Machupicchu. Suas ruínas estão localizadas do lado leste da montanha de mesmo nome.
– O clima da região é semitropical e a temperatura média durante o dia é de 16ºC. Nas noites de inverno, o termômetro chega a registar números negativos. Há duas estações bem marcadas: a época de chuvas, de novembro a março, e a de seca, de abril a outubro.
PORTAIS REGIONAIS
Comissão de Promoção do Peru para o Turismo (Prom Peru)
Site oficial de Promoção do Peru (Prom Peru)
Instituto Nacional de Cultura (INC) de Cusco
Instituto Nacional de Recurso Naturais (Inrena)